Maio foi um mês positivo para a produção industrial do Paraná. Dados divulgados esta manhã (8/7), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que o crescimento em relação a abril foi de 3,5%, resultado superior ao dos outros cinco estados mais industrializados do país (SP, RJ, MG, RS e SC) e também acima da média nacional, que registrou ligeira alta de 0,3%. A recuperação em maio contribuiu para diminuir a trajetória de queda que vem ocorrendo no acumulado deste ano, atualmente em -2,6%. Até o mês passado, este mesmo indicador era de uma retração de 3,7%. E na variação mensal (contra março), a produção da indústria havia encolhido 4,1%. Na comparação com maio de 2021, o setor registra crescimento de 1,5% no estado, assim como nos últimos 12 meses, com alta de 0,6%.

Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, o resultado de maio contribuiu para que a trajetória de queda no ano fosse reduzida. “Foi o maior crescimento do ano na indústria do Paraná até agora. Uma das explicações é a injeção de recursos do saque extraordinário do FGTS, liberado pelo Governo Federal, que estimulou o consumo das famílias, impactando os setores de comércio e serviços e, consequentemente, demandando mais produtos da indústria”, explica. “Outro fator foi a antecipação do pagamento do 13º salário de pensionistas e aposentados, em maio e junho. Juntas, essas políticas injetaram R$ 87 bilhões na economia brasileira, estimulando o consumo e tracionando setores que estavam performando com certa dificuldade”, complementa.

Até abril, tanto comércio quanto serviços apresentavam resultados negativos em seu desempenho. “Uma das causas é que mesmo com uma certa melhora na empregabilidade, a renda média do trabalhador caiu 10% no Brasil este ano. Isso influencia na atividade de consumo e as pessoas passam a priorizar a compra do essencial, adiando a aquisição de bens e produtos não essenciais”, avalia o economista da Fiep.

Atividades industriais

 

Um exemplo é o setor de alimentos, que representa de 30 a 32% do PIB industrial do Paraná. Na comparação com maio de 2021, este segmento cresceu 2,3%. Dos 13 segmentos analisados no Paraná pelo IBGE, cinco apresentam queda nesta avaliação com o mesmo mês do ano passado. O mais afetado é o setor automotivo, que fabrica produtos de maior valor agregado e, portanto, mais caros. A redução chegou a 22%. Em seguida aparecem madeira (-13%), minerais não-metálicos (-3,2%), móveis (-2,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2%).

De janeiro a maio, apenas quatro atividades estão crescendo. É o caso de bebidas (28%), celulose e papel (2,9%), máquinas e equipamentos (2,6%) e produtos químicos (1%). Os mais prejudicados são móveis (-18,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-18,1%), madeira (-9,4%) e automotivo (-7%) “Há tempos a indústria vem sofrendo com pressão sobre os custos de produção. Além de insumos importados que estão mais caros no mercado internacional, questões como energia e combustíveis têm pesado na conta dos empresários, que não estão conseguindo segurar os custos e acabam repassando este aumento ao consumidor final. Isso gera uma redução nas vendas e na produção porque o consumidor prioriza o essencial e aguarda um período mais favorável para adquirir os produtos em que pode adiar a compra”, sugere Felippe.

A guerra na Ucrânia, os lockdowns para conter a covid-19 na China, que interromperam o fornecimento de insumos para o mundo todo, as dificuldades econômicas na Europa e Estados Unidos, são outros elementos que afetam os custos de insumos e matérias-primas no mundo inteiro, incluindo o Brasil e o Paraná. Somado a um período de eleições polarizadas no Brasil, este cenário pode afetar a política cambial do país, com elevação do dólar frente ao real. O economista da Fiep avalia que a moeda americana mais valorizada tende a pressionar ainda mais os custos de produção na indústria. Somada à previsão de manutenção das taxas de juros da economia elevadas, a atividade de consumo é penalizada, impactando no desempenho geral da economia brasileira. “É preciso aguardar como o setor vai se comportar frente a tantos desafios, mesmo com o segundo semestre sendo um período tradicionalmente de maior demanda para a indústria”, conclui.

Fonte. FIEP

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