131ª reunião do Coemas abordou as expectativas para a Conferência do Clima. Entre os temas que estarão em destaque nas negociações, estão mercado de carbono e financiamento climático
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu, na segunda-feira (24), a 131ª reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas). O encontro debateu as expectativas da indústria brasileira para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que será realizada de 6 a 18 de novembro, em Sharm El Sheikh, no Egito.
O presidente do Conselho, Marcelo Thomé, destacou que a agenda climática vem crescendo e ganhando cada vez mais relevância para a indústria e, nessa edição, a CNI levará a maior delegação para o evento.
“A cada ano, a CNI mobiliza sua base industrial para uma participação mais efetiva da indústria nas conferências. A CNI vai à COP para apresentar uma agenda positiva, concreta e crível em relação à mitigação e enfrentamento das questões climáticas”, disse.
O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, apresentou aos participantes a programação dos dias 15 e 16, em que serão realizadas atividades específicas da indústria, e falou sobre as propostas do setor para contribuir com as negociações. De acordo com Bomtempo, as principais discussões, neste ano, serão centradas nos compromissos para limitar o aquecimento global em 1.5° C, nos desdobramentos para a regulamentação de um mercado global de carbono, nos avanços relacionados ao financiamento climático e na agenda de adaptação, ou seja, as respostas aos impactos atuais e potenciais das mudanças do clima.
Para as empresas que estarão no evento, a COP é a oportunidade de mostrar ações concretas que a indústria vem implementando para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e contribuir com as metas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris. Essa será, na visão do setor, a COP da implementação, de oportunidades e de protagonismo para o Brasil.
“O que nós gostaríamos de ver na COP27 são ações práticas e regulamentações efetivas que possam culminar na realização dos compromissos firmados desde a COP26”, destacou Mariana Lisbôa, líder global de Relações Corporativas da Suzano. “Estaremos lá mostrando aos nossos parceiros, aos nossos colegas, um pouco das nossas ações e de que forma estamos dispostos a contribuir para questões relevantes como preservação, conservação, regeneração, que são pilares fundamentais para a gente alcançar para uma economia descarbonizada”, completou.
Para a gerente de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Marina Rossi, a conferência será a oportunidade de mostrar o potencial do país na geração e uso de energias limpas e de avançar em temas como a regulamentação do mercado de carbono e financiamento. “A gente espera acordo em torno do Artigo 6, mais transparência sobre como se dará o financiamento tanto para adaptação como para perdas e danos para países em desenvolvimento, e investimento em tecnologias de baixo carbono”, disse.
Maior pressão sobre países desenvolvidos
Nessa edição da Conferência do Clima, a pressão sobre os países desenvolvidos estará em maior evidência. Isso se deve, segundo o embaixador Leonardo de Athayde, diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores (MRE), à guerra na Ucrânia e à própria agenda que pautará as negociações da COP27.
“Nós entramos numa fase de implementação do Acordo de Paris, e a ideia agora é que passemos das palavras à ação. Há uma expectativa muito grande especialmente em torno da mobilização de recursos, ou seja, que por fim os países desenvolvidos avancem no cumprimento dos compromissos nessa área. Há também uma preocupação para que avancemos na agenda de adaptação”, explicou.
Financiamento climático e o Artigo 6, que trata dos instrumentos para criação de um mercado global de carbono, são temas de grande relevância para o Brasil, segundo o embaixador.
Em relação à agenda de mitigação, Athayde destacou que há grande expectativa para que os países mostrem de que maneira estão cumprindo os compromissos assumidos. Quanto à adaptação, espera-se viabilizar cooperação para ajudar a reduzir vulnerabilidade e aumentar a resiliência dos países em desenvolvimento para fazer frente aos efeitos adversos das mudanças do clima.
O embaixador destacou, ainda, que o diálogo, o apoio e o aporte técnico do setor privado, por meio da CNI, têm sido muito importantes para as negociações realizadas no âmbito das conferências.
O secretário de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Alexandre Ywata, falou sobre a necessidade de atualizar marcos regulatórios para tornar a participação do setor privado mais transparente e mais segura em questões como concessões florestais em terras públicas e financiamento para ações sustentáveis. Destacou, ainda, outros temas e projetos nos quais o Ministério está trabalhando, como o marco regulatório das ferrovias e da cabotagem, corredores sustentáveis para uso do metano como combustível e energias renováveis, em especial a regulamentação das eólicas offshore e o hidrogênio verde.
Fonte: Portal da Industria