Ainda há um longo caminho até a fase do pleno emprego, mesmo assim empresas demoram para preencher vagas; e na busca por soluções, flexibilizam jornada e formam mão de obra

Depois de uma taxa de desemprego recorde em meados do ano, que chegou a 14,7% da população economicamente ativa, ou seja, 14,8 milhões de pessoas, as empresas voltaram a contratar. Com isso, no trimestre encerrado em agosto a taxa caiu para 13,2%, mas ainda é um percentual alto.

A estimativa do economista Bráulio Borges, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir de um relatório do Latin Focus Consensus, é que o pleno emprego só deve acontecer a partir de 2026, quando a taxa de desocupação deve cair para 10,1%.

Mesmo assim as empresas locais já enfrentam dificuldade de contratação, devido à baixa qualificação dos profissionais. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, aponta que Maringá é a cidade do interior do Paraná com o maior número de empregos gerados. Só em setembro foram criadas mais de mil vagas com registro em carteira, impulsionadas pelo setor de serviço, que respondeu por 602 vagas.

Embora os números sejam animadores, a conexão das oportunidades e o perfil desejado pelas empresas tem se tornado uma tarefa desafiadora pela falta de candidatos capacitados para os cargos.

Assim o diga o diretor da Apolo Embalagens, José Antônio Moscardi. Há meses ele tenta preencher seis vagas de operador de máquinas gráficas e de embalagens cartonadas. “Definitivamente, não há mais profissionais com essa capacitação. As empresas estão reabsorvendo os profissionais qualificados e semiqualificados. A mão de obra disponível é desqualificada e, por isso, todos os setores que precisam de profissionais com conhecimento específico ou técnico sofrem para contratar”, avalia Moscardi, que também é presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas de Maringá e Região (Singramar).

A redução no interesse por aprender profissões de chão de fábrica e os profissionais experientes que se aposentam e desfalcam o quadro de funcionários são outros dilemas, segundo o empresário. Além disso, ele cita que não há escola gráfica em Maringá e, para piorar, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) encerrou os cursos do segmento por falta de alunos. A única instituição de ensino que formava profissionais para o setor ficava em Curitiba, mas foi desativada recentemente.

Por esses motivos, Moscardi diz que as vagas para operador de máquinas, como plastificadoras, guilhotinas, impressoras offset e coladores de embalagens, estão difíceis de serem preenchidas. “A solução, em especial para as empresas do setor gráfico, é investir internamente na formação de pessoas e, depois de capacitá-las, ainda é importante oferecer boas condições salariais e benefícios para fidelizar o operador”, aconselha.

Com quase 50 anos no mercado, a Apolo Embalagens fabrica embalagens para alimentos e conta com 70 colaboradores. Somente neste ano a empresa fez 12 admissões e para preencher as vagas restantes, contratou uma agência de empregos, além de fazer anúncios em sites. “Queremos encontrar candidatos que tenham pelo menos vontade de aprender, porque não há outro jeito senão capacitá-los”, completa.

 Custo para ensinar

A Engrenapeças enfrenta o mesmo desafio. Com 29 funcionários e especialidade na fabricação de engrenagens, o empresário Roque Correa Júnior conta que retomou as contratações no começo do ano e há meses se empenha na tentativa de preencher duas vagas.

Uma das oportunidades é para o cargo de torneiro mecânico, já a outra é para operador de torno CNC (do inglês Computer Numeric Control). “Sempre fiz o processo de contratação internamente, mas agora está difícil encontrar mão de obra qualificada na área técnica. Até busquei o auxílio de uma agência de empregos, mas não tive êxito. Então resolvi tentar anúncios em sites”, revela.

Na avaliação dele, a pandemia contribuiu para intensificar as mudanças no perfil dos candidatos jovens, que buscam atividades que permitam ambiente de trabalho confortável e carga horária flexível. “A alternativa foi deixar de lado o critério de experiência para valorizar a força de vontade de aprender do candidato e, com o nosso conhecimento, formamos a mão de obra, apesar de que esse processo de aprendizagem leva tempo e gera custo para a empresa”.

Outra medida, de acordo com o empresário, foi liberar os funcionários aos sábados. Com isso, a equipe trabalha de segunda a sexta-feira em horário comercial. Além disso, a empresa oferece bonificação e cartão, em que mensalmente é creditado o valor de uma cesta básica e o colaborador utiliza como preferir, em mercado, farmácia, açougue, entre outros. “Ensinar uma profissão sem cobrar nada também é uma estratégia de retenção, afinal se o candidato fosse fazer curso, teria de pagar e aqui ele ganha por já estar empregado”, acrescenta.

Correa Júnior avalia a falta de mão de obra qualificada como um problema que merece atenção, porque há muita gente desqualificada precisando de trabalho enquanto as empresas se esforçam para crescer com equipe desfalcada. “Empresas, órgãos públicos e instituições de ensino precisam se unir para buscar sanar esse entrave”, sugere.

 
Trabalho presencial

E não é apenas a indústria que sente a “sobrecarga” do desfalque na equipe. Comércio e serviços têm enfrentado o mesmo. E olha que nesses segmentos a qualificação esperada é mais comum e fácil de ser encontrada em profissionais disponíveis, porque geralmente são nas áreas administrativa, de recursos humanos e vendas.

Na Clínica Odontológica Luzetti a expectativa era encontrar com facilidade um profissional para a vaga administrativa. “Só que não está sendo bem assim. Pelo contrário, observo que está mais difícil do que imaginava encontrar esses profissionais. Talvez isso esteja ocorrendo porque outras empresas tenham absorvido parte dos bons profissionais que estavam desempregados”, analisa o empresário e cirurgião dentista Régis Luzetti.

A clínica não tem setor de Recursos Humanos e para facilitar a contratação, Luzetti contou com a ajuda do Programa Empregar, da ACIM. “Isso tem feito a diferença, porque a equipe busca profissionais qualificados, faz a pré-seleção e, depois, me apresenta os melhores candidatos para avaliação final”, comenta. “Pude continuar realizando os atendimentos na clínica sem me sobrecarregar com essa tarefa”, continua.

O empresário também faz questão de elogiar a equipe preparada da ACIM, que acata os critérios que a empresa deseja para o perfil do candidato. Entre as características solicitadas por ele estão empatia, proatividade, capacidade de atuar em equipe e disponibilidade para atuar na clínica, não em home office.

“Considero importante o profissional ter conhecimento técnico, mas também ter equilíbrio emocional. Além disso, preciso que atue na clínica porque é um cargo que auxilia no relacionamento com os pacientes e, por isso, não consigo atender essa onda de flexibilização de local de trabalho como ocorreu durante a pandemia”, ressalta na expectativa de, em breve, preencher a vaga.

 

Programa ajuda empresas no processo de contratação

Promover o recrutamento e a seleção para facilitar a aproximação entre profissionais e oportunidades. Este é o principal propósito do Empregar, da ACIM.

De acordo com a coordenadora de Recursos Humanos da entidade e do Programa Empregar, Amanda Sampaio Cardoso, a proposta traz inovação e agilidade para os processos de recrutamento e seleção para garantir eficiência e eficácia. “A maior dificuldade não é encontrar pessoas que procuram emprego, mas profissionais que atendam ao perfil das vagas”, informa.

Exclusivo para associados, o Empregar conta com equipe de Recursos Humanos que realiza a divulgação das vagas, triagem dos currículos, aplicação de testes comportamentais e análise do perfil do candidato. Já para as empresas que preferem receber o serviço de forma simplificada e sem custo, é possível optar apenas pela abertura de vagas e indicação de currículos.

“A procura dos nossos serviços pelas empresas está sendo positiva, e também observamos o aumento do número de candidatos que acessam o site em busca de oportunidades”, destaca Amanda.

O programa foi formatado para ajudar empresas que não têm estrutura interna para realizar processos de recrutamento, seleção e admissão, e também empresas que apresentam alta demanda de contratação.

“Neste período, de pós-pandemia, além dessa questão de estrutura interna, as empresas passaram a ter mais dificuldade de encontrar profissionais qualificados”, explica a coordenadora.

Para mais informações sobre o Empregar, basta entrar em contato pelo (44) 3025-9595 ou acessar www.acim.com.br/empregar

Fonte: ACIM Maringá

 

 

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