Pelo segundo mês seguido, o índice de confiança do empresário da indústria caiu, embora ainda esteja na área de otimismo
Dez pontos abaixo do resultado medido em outubro de 2020. Esta é a avaliação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) em relação à pesquisa mensal que mede o Índice de Confiança do Empresário Industrial, o ICEI. O estudo feito em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) monitora como os empresários do setor avaliam o momento atual da economia e dos negócios.
O indicador somou 58,4 pontos este mês contra 68,4 registrados no mesmo mês do ano passado. Apesar da queda expressiva, o resultado ainda mostra otimismo por estar acima dos 50 pontos numa escala que vai até 100. É o segundo mês seguido de redução depois de oscilações no início do ano e de cinco altas consecutivas entre abril e agosto. Em setembro, o valor superou os 60 pontos.
Para entender o resultado, diz o economista da Fiep, Marcelo Alves, é preciso decompor o ICEI, formado pelo indicador de condições (50,5 pontos), que analisa os últimos seis meses, e o de expectativas (62,3 pontos), que faz a mesma avaliação para o futuro. Para ele, a responsabilidade pela diminuição é novamente o resultado dos últimos meses. O indicador de condições caiu cinco pontos enquanto as expectativas para os próximos seis meses se mantiveram estáveis na comparação com o mês passado.
“Não é um resultado ruim, mas deve ser levado em consideração. O momento é de cautela do empresário”, informa Alves. Ele ressalta ainda que a média do ICEI de agora também está 0,8 pontos abaixo da média dos últimos 22 meses avaliados pela Fiep. Para o economista a responsabilidade do resultado pode ser atribuída a questões de natureza macroeconômica e também em relação à escassez ou alto custo de insumos para produção nas indústrias. “O dólar em alta encarece o custo de matérias-primas importadas, que são muito utilizadas em alguns segmentos”, informa.
Inflação em alta, instabilidade política e questões fiscais, que comprometem o orçamento do Governo Federal, geram incertezas e afugentam os investidores que vão em busca de mercados mais seguros. “Esse cenário deteriorado interfere também na confiança do empresário por aqui justamente num momento em que a economia do país busca recuperação. Isso atrapalha o processo de retomada”, completa.
Motivações
A Sondagem Industrial de setembro, feita pela CNI, também ajuda a entender o resultado do indicador de confiança este mês. Ao questionar os empresários sobre o preço médio da matéria-prima para produção, 85% responderam ter percebido aumento ou aumento acentuado no preço. “Essa informação compromete a margem de lucro do industrial, já que muitas vezes ele não tem como repassar integralmente os custos aos clientes para não perder competitividade”, explica Alves. Neste quesito, 40% dos entrevistados disseram que a margem de lucro operacional de suas empresas está ruim ou muito ruim.
Quando perguntados sobre os problemas reais de suas empresas, a falta e o alto custo dos insumos foram apontados por 78% dos participantes. Um dado novo foi que 28% também informaram que a alta no custo e uma possível interrupção no fornecimento de energia elétrica preocupam. Neste tema, a preocupação maior está entre 45% de proprietários de pequenos negócios. Já as condições gerais da economia pioraram para 36% dos gestores avaliados. Essas informações têm um peso maior para as grandes empresas, já que 43% delas sinalizaram estarem apreensivas com os rumos econômicos do país na Sondagem de setembro.
Fonte: Ag. FIEP