Diante de inúmeras dificuldades que vêm sendo enfrentadas por indústrias paranaenses nos portos do Paraná e de estados vizinhos para despachar cargas em contêineres para exportação ou receber insumos importados, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) instalou um comitê de crise para buscar soluções para os problemas. Nesta semana, uma primeira reunião foi realizada no Campus da Indústria do Sistema Fiep, em Curitiba, em que empresários e executivos de indústrias madeireiras, automobilísticas e de proteína animal debateram com gestores do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) caminhos para aprimorar o atendimento na estrutura portuária.
Devido ao crescimento da demanda do setor industrial, somada a problemas operacionais registrados recentemente em terminais portuários do Paraná e de Santa Catarina, há casos de cargas em contêineres do setor madeireiro destinadas à exportação com espera de até 75 dias para serem embarcadas nos navios. Já no caso da indústria automotiva, houve casos de contêineres com insumos importados que não foram desembarcados dentro do prazo previsto, causando até a paralisação da linha de produção de uma montadora devido à falta de componentes.
Para a Fiep, a falta de previsibilidade causada pelas dificuldades enfrentadas atualmente nos portos compromete a competitividade dos produtos paranaenses, podendo causar prejuízos irreversíveis para o setor produtivo no mercado externo. Pela Federação, participaram da reunião o vice-presidente Roni Junior Marini, coordenador do Conselho Setorial da Indústria da Madeira; os diretores Paulo Roberto Pupo, coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais, Juliano Langowski e Edson Hideki Ono; e o superintendente João Arthur Mohr.
Medidas do TCP
Durante a primeira reunião do comitê de crise da Fiep, os representantes do TCP já anunciaram algumas medidas que estão sendo adotadas pela empresa para buscar mais fluidez na operação do terminal. Entre elas, novos critérios para a entrada (Gate-In) de contêineres no porto. As novas regras já foram comunicadas oficialmente aos clientes e passam a valer a partir do dia 16 de setembro.
O TCP esclarece que as medidas têm, como objetivo principal, otimizar o planejamento operacional, garantir uma maior eficiência na movimentação de cargas e melhorar a coordenação de toda a cadeia logística direta ou indiretamente associada ao porto. Na estimativa da empresa, essa mudança possui um “ramp-up” de aperfeiçoamento e retorno da melhoria em torno de um mês.
Outras ações
Além das medidas já anunciadas oficialmente aos clientes, o TCP informou durante a reunião que irá implementar uma melhoria para assegurar e ter um maior controle dos contêineres agendados. Atualmente, o TCP libera a grade para o CNPJ do cliente, e não exatamente a contêineres específicos, podendo haver o ingresso de contêineres que não foram originalmente solicitados na grade. Para o último trimestre deste ano, a empresa pretende liberar grade direcionada ao contêiner e não mais ao CNPJ.
Outra solução debatida na reunião que pode contribuir com maior fluidez principalmente nos desembarques de contêineres em casos de condições críticas para atracação, como em dias de neblina, é a possibilidade de fundear navios no Porto de Paranaguá. Assim, poderia haver maior segurança relacionada aos próximos navios de atracação, uma vez que existem casos de janelas curtas de barra aberta para acesso ao porto ou de neblina mais distante. Com isso, os navios poderiam, dentro da disponibilidade, fundear em uma área com mais segurança e com maior flexibilidade para manobra de atracação. Em breve, o comitê buscará maior entendimento sobre essa possibilidade.
Além disso, a Fiep também buscará articulações para que as informações sobre a abertura ou fechamento da barra de acesso ao porto sejam disponibilizadas de maneira on-line no site do serviço de praticagem, a exemplo do que já acontece, por exemplo, em terminais catarinenses. Hoje, os importadores e exportadores que movimentam suas cargas por Paranaguá não conseguem ter acesso a essa informação, questionando assim diretamente os terminais e outras autoridades para entendimento.
Em relação a investimentos, o TCP afirmou que a conclusão das obras de derrocagem que estão ocorrendo no canal de acesso deve permitir que o calado operacional do porto seja revisto de 12,3 metros para 12,6 metros em curto prazo. Em médio prazo, espera-se atingir 13,3 metros, o que representará um ganho significativo de capacidade de escoamento e recebimento de carga. O TCP também informou que estuda mudanças no sistema de rolagem dos navios ligados aos diferentes serviços que operam no porto.
Próximos passos
Nas próximas semanas, o comitê da Fiep deve agendar uma reunião com a associação que representa os armadores, buscando debater também com os responsáveis pelos navios soluções para aprimorar o serviço nos portos e, em especial, diminuir os índices de omissão de escalas. Também será aberto diálogo com representantes de terminais portuários de Santa Catarina, que hoje operam com cerca de 30% de suas cargas provenientes do Paraná, segundo estimativas da Fiep.